Na minha cidade as pessoas jogavam sua consciência dentro do rio. E o rio sorveu pesado da consciência das pessoas. Pesava-lhe as bolhas cheias e matava as bocas dos peixes. O rio morreu de consciência acumulada. Ninguém se dava ao trabalho de limpar o rio. Ninguém limpava sua consciência antes de lançá-la ao rio. Esqueceram-se que consciência não se dissolve em água. O rio, pobre rio, ficou empesteado. Agora, o que corre pelo meio da minha cidade, é um cadáver. Líquido. Mas um cadáver. Ninguém rega hortas com morte. Ninguém leva morte à mesa.
Eu queria ver o rio respirar de novo.
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