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15 de mai. de 2009

Adbusters: implodindo o consumismo

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Este artigo e entrevista, foram retirados da revista Trip e originalmente postados no site Rizoma.net (vide links ao final da matéria).

* O SITE OFICIAL DOS ADBUSTERS É:
http://www.adbusters.org/



VÁ PARA O INFERNO


Ivan Marsiglia, de Vancouver (Revista Trip)

Emprego fixo, carro do ano, plano de saúde, seguro de vida, cartão de crédito, home theater, celular, casa, casamento, cachorro. É ESSA A VIDA QUE VOCÊ SEMPRE SONHOU? Os canadenses da ONG Adbusters dizem que não.

Uma crítica radical do life style contemporâneo e do bombardeamento diário de publicidade a que somos submetidos. É o que faz a organização não-governamental canadense Adbusters Media Foundation, que edita uma revista e um web site dedicados a implodir a mídia a partir de suas próprias armas. A ONG defende a “ecologia mental” contra a poluição publicitária, o consumismo desenfreado e o trabalho sem sentido do mundo contemporâneo. Em seus artigos, ensaios fotográficos (como o que abre esta reportagem) e “subvertisements”, anúncios anti-publicidade (que reproduzimos nas páginas seguintes), eles denunciam com muito senso de humor as grandes corporações - como Coca-Cola, Philip Morris, Nike, McDonald’s e Calvin Klein -, que determinam o que as pessoas vão comer, beber e vestir, para onde vão viajar e até a mulher que vão desejar.

“Nossas emoções, personalidades e valores afetivos estão sob influência da mídia e de forças culturais muito complexas”, afirma Kalle Lasn, 58 anos, um ex-produtor de documentários nascido na Estônia, no Leste Europeu, que fundou a Adbusters em 1989. Hoje, com uma tiragem relativamente modesta de 65 000 exemplares, a revista é cada vez mais influente na Europa e nos Estados Unidos, promovendo campanhas, intervenções e protestos de grande repercussão. Recentemente, participaram das manifestações “anti-globalização” em Washington, Seattle e Praga. “A existência humana passou a ser moldada por uma contínua mensagem de consumismo”, denuncia Kalle.

A MÍDIA É O MEIO

Quem passeia pela West 7th Avenue, situada em um típico bairro residencial de Vancouver, não entende por que a Adbusters foi surgir justamente neste local. Com 3,8 milhões de habitantes, é uma das mais belas cidades do Canadá, país de melhor qualidade de vida no mundo, no último levantamento da ONU. As ruas são limpas e arborizadas - nada parecidas com o caos de outdoors, cartazes e propagandas que entulha a paisagem das grandes metrópoles do mundo. O QG do grupo fica numa simpática casa de três andares onde trabalham doze pessoas, entre fotógrafos, jornalistas e designers.

Para investigar o “grande irmão” que paira tanto sobre compradores endinheirados do primeiro mundo quanto sobre você, leitor e consumidor brasileiro, a reportagem da TRIP foi conhecer a sede dos guerrilheiros midiáticos. Saiu de lá com um artigo do fundador da revista, Kalle Lasn - contando o dia em que “caiu a ficha” e ele se deu conta de que havia muita coisa errada na nova ordem mundial -, e uma entrevista exclusiva com Allan MacDonald, 35 anos, responsável pela estratégia de comunicação da Adbusters:

TRIP - Como uma revista, que é um produto feito para ser comprado, pode combater a sociedade de consumo?

ALLAN - É um paradoxo, uma contradição. Mas nós admitimos isso, desde o primeiro dia. O que defendemos é a idéia de “consumo sustentável”, porque o planeta não consegue mais suportar esse “compre, compre, compre” que a mídia incentiva. Claro que queremos vender revistas, permanecer vivos e com saúde, além de continuar reunindo artistas e escritores de primeira. Mas não estamos aqui para fazer dinheiro. A Adbusters usa a mídia com uma mensagem anti-mídia.

TRIP - Como vocês sobrevivem se a revista não aceita anúncios?

ALLAN - Vivemos basicamente do preço de capa, que hoje está em 5,75 dólares canadenses [algo em torno de 8 reais]. Também vendemos cartões postais, pôsteres, calendários, fitas de vídeo e recebemos algumas doações de pessoas que simpatizam com nossa causa.

TRIP - Vocês são contra qualquer tipo de propaganda?

ALLAN - Com certeza existem propagandas boas. As sobre ecologia são um exemplo. Mas o caminho que seguimos na sociedade de consumo é insustentável. O planeta está sendo danificado permanentemente.

TRIP - Que revolução a Adbusters quer fazer?

ALLAN - Nós vemos o mundo ocidental corporativo como disfuncional. Queremos desmembrar as corporações e desenvolver uma nova cultura de mídia, cujo coração e alma não sejam comerciais. Hoje em dia, você tem um pequeno número de corporações com uma grande parcela de poder. Principalmente no ramo da comunicação, onde enormes multinacionais como a Time/Warner e a Disney decidem o que vamos assistir na TV, no cinema, em todo lugar. Hoje, entre as 100 maiores economias do mundo, 50 são corporações e 50 são países. É bem assustador.

TRIP - Uma das iniciativas de vocês que mais chamam a atenção são as campanhas. Fale um pouco sobre o Buy Nothing Day (Dia do Não Compre Nada) e a TV Turn Off Week (Semana da TV Desligada).

ALLAN - As campanhas são o ponto crítico da revista. O Buy Nothing Day existe desde 1992 e propõe que as pessoas não comprem nada, nem mesmo um chiclete, durante 24 horas. A estratégia é marcar a data na manhã seguinte ao Dia de Ação de Graças nos EUA, no fim de novembro, quando começa a temporada de compras para o Natal. Já a TV Turn Off Week acontece em abril. Desafiamos as pessoas a passar uma semana inteira sem ver TV para que elas leiam mais e questionem seus hábitos de lazer.

TRIP - E a campanha que vocês fizeram recentemente em parceria com o Greenpeace, que fez a Coca-Cola mudar o gás usado nos refrigeradores da marca durante as Olimpíadas de Sydney?

ALLAN - Foi uma grande vitória. A campanha toda contra o gás HFC [hidrofluorocarbono, que provoca danos na camada de ozônio da atmosfera], durou menos de seis semanas, do início ao fim. Foi o tempo que a Coca-Cola levou para se ligar. Uma ocasião o McDonald’s sofreu um processo no Reino Unido e resolveu resistir. A coisa se arrastou por dois anos, o McDonald’s ficou exposto, foi embaraçoso, questionaram a atitude da empresa em relação ao meio-ambiente. Isso tirou muito do brilho da marca. Então, foi por isso que, assim que disparamos a coisa pela internet, a Coca-Cola cedeu rápido.

TRIP - Uma causa como a da Adbusters tem razão de ser no Brasil, um país que tem problemas sociais mais graves e urgentes que os do Canadá?

ALLAN - [Pausa] Acho que sim. Cada país tem os seus problemas, mas as grandes questões são universais. A dominação das grandes corporações existe em todos os países. Mesmo em lugares antes fechados, como a China: as grandes indústrias estão lá, o McDonald’s chegou… Vivemos todos num mundo corporativo.


Texto de Kalle Lasn, editor da Adbusters.
Fonte: Revista Trip / Rizoma.net


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