Em 2000, ao jogar uma caixa de leite longa vida no lixo, o engenheiro aposentado Luís Otto se deu conta de que esse material é todo revestido de alumínio. “Achei um absurdo tão grande jogar fora que comecei a guardar”, conta. Nessa fase, ele ainda não tinha muita idéia do que fazer com as caixas vazias, mas não demorou para que esse problema fosse resolvido. Pouco tempo depois, soube da existência de uma tecnologia que usava placas de alumínio em forros de casas. Esse recurso possibilita manter o ambiente mais fresco, já que o alumínio reflete 95% do calor que recebe.
A idéia que Otto teve a partir daí é bem simples, porém inovadora: transformar caixas de leite longa vida em forros para casas. O plano foi apresentado à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que ajudou a desenvolvê-lo. Assim nasceu o “Projeto Forro Vida Longa”. A universidade forneceu alguns equipamentos e os primeiros testes foram feitos na própria casa do engenheiro.
Desde então, Luis Otto já deu palestras inclusive no exterior para divulgar a técnica. “Umas 350 pessoas já me consultaram”, calcula. Seu objetivo é esse mesmo, faz questão de ressaltar que é um projeto totalmente social, pois ele divulga a técnica e as pessoas a usam . “Muita gente no Brasil já deve estar utilizando esse método, dei muitas entrevistas falando sobre ele”, supõe Otto.
De acordo com a Unicamp, apenas 15% das caixas longa vida são parcialmente recicladas no Brasil - os outros 85% acabam indo para o lixo comum. Portanto, a manta de longa vida acaba funcionando também como minimizadora de impactos ambientais, além de ser uma solução barata, acessível e consciente que ajuda a melhorar a qualidade de vida da pessoas.
O “Projeto Forro Longa Vida” vale-se também de um dos princípios fundamentais para o consumidor consciente: a minimização de resíduos. Ao evitar que embalagens que podem ser reaproveitadas tenham como destino final o lixo, o consumidor consciente coloca em prática o mesmo princípio que norteou o engenheiro Luís Otto e, portanto, assim como ele, exerce seu protagonismo em prol da sustentabilidade do planeta.
Outra atitude consciente é apoiar e consumir idéias ambiental e socialmente corretas. A cooperativa Bom Sucesso, em Campinas, que há um ano faz placas de longa vida sob encomenda e é uma das grandes beneficiadas socialmente pelo projeto, agradece.
“As pessoas que nos procuram, geralmente, estão construindo suas casas”, revela Cecília Mendes Correa, que faz parte da cooperativa. O metro quadrado da placa sai por R$ 2,5, cerca de 60% mais barato que o forro térmico vendido em lojas de materiais de construção.
Para Helena Aguiar, a manta térmica de caixas longa vida foi uma ótima solução. “Diminuiu muito o calor dentro de casa, os respingos de água da chuva e evitou até a entrada de pó”, diz ela, cuja casa é coberta com telhas portuguesas.
Apesar de poder ser usada em qualquer tipo de construção, esse projeto, que já recebeu o Diploma Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, beneficiou em particular alguns tipos de residências mais precárias.
No Brasil, não é difícil encontrar pessoas que vivem em casas cujos telhados são feitos de telhas de amianto. Este é um material muito usado por ser mais barato. O problema é que, no verão, casas com esse tipo de cobertura podem atingir uma temperatura de até 70 ºC.
No inverno, as fendas do telhado deixam o vento e o frio entrar. Esses graves inconvenientes podem trazer problemas de saúde para as pessoas que residem nessas condições e, freqüentemente, simplesmente impossibilitá-las de permanecer dentro de casa em determinadas horas do dia.
O site da Pratec, empresa de engenharia e arquitetura de Campinas, ensina o passo-a-passo da fabricação das mantas. Já a Cooperativa Bom Sucesso pode ser contatada pelo telefone 19 3281-6413.
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