por Allan Lopes Pires
Blog: Confissões de um Geobiolouco
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1. A localização da construção deve ser livre de perturbações geobiológicas.
A base deste princípio é que a formação geológica de um local não deve ser perturbada. Águas subterrâneas, falhas geológicas, perturbações na radioatividade basal, fortes alterações geológicas são exemplos de perturbações geológicas, ou geobiológicas. Este principio será melhor detalhado por outros que virão.
2. A melhor localização para edifícios residenciais é longe de centros industriais e de vias de tráfego intenso.
Isso parece óbvio, mas a vida moderna não torna esse ideal uma realidade. A proximidade de centros industriais traz uma série de possíveis contaminações e que ode ser prejudiciais à saúde. Contaminação química através do ar e dos efluentes líquidos que contaminam água, solo e lençol freático. Contaminação visual, e contaminação sonora muito presentes, e muitas vezes contaminação eletromagnética, devido às usinas de transformação elétrica utilizadas por basicamente todas as indústrias.
O distanciamento de vias de tráfego intenso se refere à busca de locais com isenção de poluição sonora, visual e atmosférica.
Este princípios também será detalhado em princípios posteriores.
3. A habitação deve ser desenvolvida de uma maneira descentralizada e solta, entrelaçada com amplas áreas verdes.
Também um ideal aparentemente difícil de se obter em zonas urbanas intensas, mas que curiosamente é ignorado em cidades de menor porte que teriam toda capacidade para realizá-lo. Trata-se de uma ocupação do terreno feita de maneira orgânica, e não cartesiana, e também da integração e interação com a natureza. A falta desta integração é que tem nos levando a um distanciamento filosófico e diário da natureza, levando-nos a destruí-la sem sentirmos as conseqüências imediatas e também a longo prazo. Esta atitude só é possível porque vivemos distante da natureza, do dia a dia dos ciclos naturais.
4. Habitação e desenvolvimento da habitação deve ser personalizada, em harmonia com a natureza, adequada à habitação humana e orientada à família.
Viver em harmonia com a natureza deixou de ser um pensamento utópico. É hoje fundamental para a sobrevivência de cada um de nós, principalmente no nível psicológico, mas fundamentalmente também do ponto de vista orgânico. Como dito acima, um viver afastado dos processos vitais é a chave para o distanciamento da natureza, e conseqüentemente do entendimento de seus ciclos, o que nos leva a utilizá-la de maneira inadequada, e nos dias atuais nos coloca à margem de uma catástrofe de proporções globais no que tange o equilíbrio ecológico do planeta.
A habitação deve ser personalizada, pois cada individuo, ou grupamento de indivíduos possui suas necessidades e a forma define a função. Portanto para que certas funções de um ou mais indivíduos aconteçam de maneira natural é fundamental que a forma da edificação proveja esta oportunidade.
As construções em escala estão fora deste princípio e portanto não atingem a idéia seguinte que é a de ser “adequada à habitação humana”.
E finalmente a habitação deve ser orientada à família, que é o núcleo da sociedade. Isto quer dizer que a dinâmica de uma habitação deve levar em consideração a interação entre os indivíduos da família. Nos dias de hoje cada quarto de uma habitação é uma célula independente. Na maioria das vezes possui banheiro exclusivo, mini-cozinha, aparelho de som e tv independentes, aparelhos de telefones e mesmo linha de acesso personalizadas, e mais ultimamente todo o aparato da Tecnologia da Informação (computadores, etc). E os consultórios psicológicos cada vez mais cheios e cada vez com menos esperança….
5. Devem ser utilizados materiais de construção naturais e não adulterados.
Este princípio começa a corroborar os princípios acima, principalmente o princípio n. 4, e em segundo lugar com os princípios 1, 2 e 3.
O uso de materiais naturais leva a uma relação imediata com a natureza local, obtendo-se os recursos naturais do próprios local de construção e colocando o desafio de não destruí-los, mas sim utilizá-los de maneira eficiente e inteligente (princípio 4). O uso destes elementos faz com que as áreas industriais sejam menores e também de menor impacto no ambiente, principalmente as indústrias que trabalham provendo materiais para a construção civil, melhorando assim a condição das famílias e cidades que mandatoriamente necessitam viver próximo a estas industrias (principio 2). A probabilidade de, ao usarmos materiais naturais, danificarmos o solo e conseqüentemente criar locais geologicamente perturbados (principio 1) é infinitamente pequena. E num grau menor o uso da natureza para a construção de nossa casa nos dá uma relação com a natureza, num uso racional e sadio para todos, que é o que nos diz o principio n.3 da Biologia da Construção.
Finalizando este princípio dará suporte a princípios posteriores, principalmente no que tange a parte de eletricidade artificial no ambiente, na parte de qualidade interna do ar e também naquilo que se refere ao cuidado com o planeta.
6. Paredes, pisos e tetos devem ser difusíveis e higroscópicos.
Devemos entender nossa casa como uma terceira pele que possuímos. A primeira é a que conhecemos normalmente por pele. A segunda são as nossas roupas, a terceira nossas casas, a quarta nossa comunidade, ou cidade, ou seja, o contexto onde nossa casa está inserida, e por fim a quinta pele é na verdade a verdadeira casa de todos nós, o próprio Planeta Terra.
Como funciona a nossa pele, e portanto como deveria funcionar a nossa casa?
Nossa pele possui o que os fisiologistas chamam de permeabilidade seletiva. Isto quer dizer que ela deixa passar aquilo que a ela interessa que passe, por exemplo toxinas que são produzidas no nosso corpo e que são expelidas pelos poros, ou água carregando calor, na forma de suor, quando estamos internamente mais quentes que o necessário, e também deixa entrar oxigênio para a respiração, pois grande parte de nossa respiração ainda é como a dos anfíbios, cutânea. A nossa pele mantêm a água no corpo todo o tempo. Não deixa que nossa água interna e nossos líquidos extravasem de maneira descontrolada. Sem água em nosso interior não podemos manter nossas funções vitais acontecendo regularmente. Também podemos captar água através da pele, quando estamos desidratados, ou quando simplesmente temos a pele seca um pouco de água na superfície da pele ajuda a renovar o organismo. Nossa pele também impede que coisas importantes para nós saiam do corpo, por exemplo todos os sais minerais que estão dentro de nossas células. Se saíssem todos juntos com a água, ou com o suor seria muito difícil que mantivéssemos nossas funções vitais. E a nossa pele também funciona como escudo protetor. Imagine se ela não impedisse a água de entrar em nosso corpo quando entramos em um rio, piscina ou mar! Explodiríamos se não fosse a capacidade da pele de manter a água fora.
Vimos que no caso da água nossa pele pode retirá-la do corpo quando é necessário, como no caso do suor. Mantê-la no corpo para nossos processos vitais. Captá-la externamente quando dela necessitamos ou mantê-la do lado de fora do nosso corpo quando ela está em demasia nos arredores, no caso do rio. A isto se chama permeabilidade seletiva.
Esta são as funções que desejamos que nossas roupas também possam ter. Que deixem passar suor e toxinas para o ar, mas que também sejam capazes de levar ar e nutrientes até nossa pele.
E porque nossa casa seria diferente? Considerar a habitação apenas como uma forma de proteção do vento, da chuva e do sol forte é uma visão muito reducionista do processo de interação existente entre os seres e suas moradias.
Portanto este princípio fala que as paredes, pisos e tetos de um local devem ter a capacidade de deixar passar ar e água de um modo natural.
7. A Umidade interna do ar deve ser regulada naturalmente.
Esta é uma extensão do princípio anterior e segue a mesma lógica.
8. Poluentes do ar devem ser filtrados e neutralizados.
Mais uma vez o princípio da permeabilidade seletiva. Porém aqui é focado mais o tema da qualidade do ar. Em primeiro lugar não deveriam haver poluentes do ar, se os princípios 2, 3, 4, 5, 6 e 7 anteriores fossem empregados. E aqui cabe ressaltar novamente a importância do princípio 5, pois os materiais de construção e de decoração são os principais poluentes do ar interno de uma casa. O uso de elementos naturais diminui sensivelmente a emissão de gases tóxicos (compostos orgânicos voláteis) no ar. Porém existem formas de contaminação do ar que são geradas de maneira natural, como a decomposição de alimentos e a liberação, através de nossa pele, de toxinas que o corpo produz naturalmente no seu processo diário de metabolismo. Para estes poluentes devemos encontrar maneiras de filtrá-los e neutralizá-los, onde a ventilação abundante e o uso de plantas interna e externamente à edificação são duas poderosas armas na limpeza do ar. Mais uma vez este princípio estará atrelado a outros princípios, anteriores e posteriores a ele. A esta altura você já deverá estar percebendo que o entrelaçamento de princípios é algo obrigatório na Biologia da construção. Na verdade o alinhamento de todos eles em um bloco seqüencial de 25 passos é apenas didático, é apenas uma maneira de começar a abordar o tema. Estes princípios fazem parte de uma lógica orgânica da natureza, que anda sempre em círculos e ciclos e interage multidimensionalmente, diferente da lógica cartesiana imposta pela mente linear.
9. É necessário um equilíbrio entre isolamento térmico e retenção de calor.
Aqui mais uma vez o conceito da terceira pele, focado na questão do calor, ou temperatura, que é hoje um dos maiores consumidores de energia do mundo. Tanto para mantê-la alta, quanto para abaixá-la. Parece que nunca estamos satisfeitos com o que a natureza nos dá, não é? Devemos manter calor dentro da habitação quando for necessário mantê-lo, e deixá-lo fora quando for necessário que ele fique fora. Hoje em dia isto é feito com calefadores e ares condicionado. Mas a construção pode ser feita de maneira que no inverno o calor seja retido e no verão ele seja isolado. A arquitetura bioclimática tem suas bases neste fundamento.
10. As temperaturas do ar e da superfície de um dado cômodo necessitam ser otimizadas.
Outra vez o mesmo. E não, não é pleonasmo. É importante que cada detalhe seja visto com aprofundamento. Se temos uma parede de um quarto, é importante que ela não esteja voltada para a área de maior insolação, mas se aquela mesma parede é de um quarto em um local naturalmente muito frio, como a Suécia, então é importante que ela receba muito insolação, para se manter quente naturalmente, sem o uso excessivo de aquecedores. Portanto a otimização da temperatura do ar e da superfície depende da utilização do local em questão.
11. Um sistema de aquecimento deve utilizar calor radiante, usando o máximo possível de calor solar (passivo).
Existem três formas de transmissão de calor: condução, convecção e irradiação.
A condução é quando aquecemos um dado material, por exemplo um metal, e levamos este material aquecido até outro local e aquecemos este novo local ou objeto. A condução também pode ocorrer dentro de um mesmo objeto, como quando esquentamos um metal em uma de suas extremidades e momentos após todo o metal está aquecido.
A convecção é a forma na qual o calor é transmitido através do movimento dos fluidos, como quando esquentamos água, e a água quente sobe e a fria desce, levando portanto o calor a diferentes partes do liquido.
A irradiação é a forma que o sol por exemplo nos aquece. Seus raios carregados de energia térmica, na forma de raios infravermelhos, trafegam pelo espaço carregando esta energia até que a mesma é absorvida por nós e pelo planeta. Este é o tipo de energia que deve ser preferencialmente utilizado para o aquecimento das casas.
12. A umidade total contida em um novo edifício deve ser baixa e capaz de secar rapidamente.
Este princípio se refere à capacidade de, uma vez cheio de umidade, quando por exemplo é inundado por uma chuva de vento, ou é lavado, exista ventilação e materiais de construção adequados para retirar esta umidade excessiva do ambiente de uma maneira eficaz e veloz.
13. Uma edificação deve ter odor agradável ou neutro. Nenhuma toxina deve estar presente.
Aqui voltamos a falar do princípio n. 8. Odores desagradáveis, ou odores de uma forma geral, são em última análise substâncias químicas em suspensão no ar. Quaisquer destas substâncias podem ser imediatamente tóxicas, ou tornarem-se tóxicas de acordo com a concentração em que existam no ambiente. Os atuais produtos de limpeza estão carregados de sustâncias extremamente tóxicas, perigosas principalmente para crianças que não tem noção do seu uso adequado, simplesmente para adicionar um “bom odor” e um “cheiro de casa limpa”. Materiais de limpeza devem ser também materiais saudáveis. Os odores também podem estar associados a materiais de construção sintéticos, como tintas e vernizes, bem como a objetos de composição do ambiente, principalmente os móveis sintéticos.
14. Luz, iluminação e cores devem estar de acordo com as condições naturais.
A iluminação do ponto de vista da salubridade dos indivíduos que habitam um determinado edifício é talvez um dos pontos mais críticos e mais importantes dos 25 princípios da Biologia da construção. A falta de iluminação de espectro completo (luz solar) é a causa de grande parte dos problemas de depressão e suicídio por falta da produção adequada de melatonina, dentre outras substâncias, como a vitamina D. O mesmo é valido para o uso minimalista das cores nas atuais decorações. O uso excessivo do branco, para ambientes ditos “cleans” (limpos em inglês) de acordo com a Medicina tradicional chinesa está associado a padrões de melancolia e depressão, nada havendo portanto de “Limpo” nestes locais.
15. As medidas de proteção contra poluição sonora bem como vibrações infra e ultra-sônicas devem ser orientadas a padrões humanos.
Aqui relembramos os princípios 2, 3 e 4. A proximidade de centros industriais, tráfego de veículos (terrestres, marítimos e aéreos) a falta de áreas verdes e de condições humanas fatalmente levarão à criação de um ambiente sonoramente estressado. E devemos prestar atenção não apenas na faixa de som que nossos ouvidos podem perceber, mas também às faixas que estão além do nosso espectro vibracional, os infra e ultra-sons. A poluição sonora está associada não apenas ao estresse mas ao envelhecimento precoce, uma vez que impede a produção de hormônios regeneradores do corpo durante o processo de sono.
16. Somente materiais de construção com pouco ou preferencialmente nenhuma radioatividade deve ser utilizado.
Neste caso temos uma exceção ao principio n. 5. Certas pedras podem naturalmente apresentar um grau elevado de radioatividade. Granitos e ardósias estão entre elas. Mas deve-se verificar cada pedra, pois não é uma obrigatoriedade. Também o concreto armado, por utilizar pedras, pode possuir um nível elevado de radiação. Para a correta avaliação um aparelho chamado Contador Geiger deve ser levado até a pedra ou edificação em questão para medir a radiação basal. E por favor não confunda radiação, que é a emissão de partículas físicas da matéria, como raios X, partículas alfa e beta, com Irradiação, que é a transmissão de ondas eletromagnéticas, como raios infravermelhos, luz visível, etc.
17. O equilíbrio natural entre a eletricidade atmosférica e a concentração iônica deve ser mantido.
O nosso ar se carrega muito facilmente de eletricidade, e é justamente esta capacidade que permite que haja chuvas, raios e trovoadas, e isto faz parte de um processo contínuo do planeta. Porém com a intervenção humana podemos alterar esta eletricidade atmosférica, inserindo por exemplo eletricidade estática nos ambientes através do uso de materiais sintéticos (pisos, móveis, sapatos) na nossa habitação. Por isso também é muito importante o uso de materiais naturais na construção pois eles praticamente não interferem nestas trocas elétricas.
O uso de ar condicionado e outras formas de impedir a circulação do ar, mais a inserção de aparelhos eletrônicos, copiadoras, cigarro, dentre outros, provoca uma alteração no equilíbrio eletroquímico do ar, ou equilíbrio iônico. Este princípio diz que a manutenção destes fatores deve ser feita de maneira natal, e todos os princípios anteriores, se bem aplicados, levarão naturalmente à consecução deste principio n. 17. Existem no mercado uma série de aparelhos para retirar a eletricidade excessiva dos ambientes e também para ionizar o ar negativamente (o que para nós é uma coisa boa, negativo e positivo aqui não tem nada a ver com bom e mal, e sim com cargas elétricas). Estes aparelhos, além de caros, são pouco eficazes, pouco ecológicos, geram efeitos secundários indesejáveis e devem ser substituídos por plantas, ventilação, iluminação, materiais saudáveis e todo o arsenal acima.
18. O campo magnético natural da Terra não deve ser alterado ou distorcido.
Esta é uma especificação do princípio 1, porém focando apenas no campo magnético, e não em qualquer perturbação geológica. Materiais metálicos (vigas, concreto armado, pisos e tetos armados, mobília metálica, etc) alteram o campo magnético natural da terra nas proximidades do material, fazendo com que exista uma organização molecular, mineral e orgânica diferente naquele ponto do que em outros pontos onde o campo permanece inalterado. A partir desta desorganização do conjunto uma série de respostas fisiológicas podem ocorrer levando a um padrão de desequilíbrio do organismo vivo que habita aquele lugar. Portanto a escolha dos materiais de construção e das mobílias deve levar este item em consideração.
19. Radiação eletromagnética produzida pelo homem deve ser eliminada ou reduzida o máximo possível.
Ainda não há uma conclusão por parte da OMS, mas uma série de estudos indicam a relação de ondas eletromagnéticas e a saúde humana. Vide os trabalhos indicados no livro O grande Livro da Casa Saudável, de Mariano Bueno, e listados nos tópicos do Curso básico On-line.
A radiação eletromagnética, resumidamente falando, pode ser dividida em elétrica e magnética, e ambas podem ser dividas em alternada e continua.
As correntes alternadas são as correntes que estamos acostumados em nosso dia a dia, na nossa casa. É aquela que da choque. A Corrente continua é a que o planeta usa em seu magnetismo, e é aquela que usamos nas nossas baterias, pilhas, etc. Esta não dá choque. O campo eletromagnético pode influenciar nossas células tanto de maneira direta, por exemplo quando uma onda eletromagnética da faixa das microondas (celular, forno de microonda) ressoa com nossas moléculas de água esquentando nosso corpo; ou de forma indireta, ou seja, vibrando as células de uma determinada maneira, que elas pensem que é uma informação vinda de outra célula. Explicando: Nossas células se comunicam umas com as outras, principalmente os neurônios, através de impulsos eletromagnéticos. Quando uma determinada fonte externa de eletromagnetismo possui uma amplitude e uma freqüência parecida com aquela utilizada pelas células para se comunicarem, algumas células podem confundir um impulso vindo de fora com uma informação vinda de uma célula vizinha, e a partir daí produzir uma nova substância, ou para de produzir uma substância vital para o organismo. O desencadeamento desta reação pode levar a prejuízos na saúde.
O campo de discussão neste princípio é vasto, o melhor é se referendar ao tópico eletromagnetismo, do curso on line.
20. Radiação cósmica e terrestre é essencial e deve sofrer o mínimo possível de alteração.
Aqui estamos falando novamente do princípio 1, e também do princípio 18. Incluindo agora as radiações que vêm do céu. Antes de mais nada é importante comentar que quase sempre que estamos falando em radiação estamos na verdade falando em Irradiação eletromagnética, e nem sempre eletromagnetismo é uma coisa ruim. A luz visível por exemplo é de natureza eletromagnética. Apenas algumas faixas são prejudiciais a nós, como por exemplo o tão estudado Uva e UVb.
Este desenho abaixo mostra o espectro de freqüência do campo eletromagnético e podemos ver que os raios x por exemplo, e as microondas fazem parte do mesmo material que a luz visível, a única diferença é que um está numa freqüência maior, ou menor do que a do outro. Esta variação na freqüência é que fará toda a diferença no que diz respeito a uma faixa de onda eletromagnética ser nociva ou não à saúde.
Antigamente existia apenas a noção de que a faixa dita ionizante do espectro (que no gráfico abaixo vai da esquerda até o limite da luz visível, no fim dos raios ultravioleta, é que eram faixas prejudiciais, pois causavam a ionização da matéria (geração de átomos instáveis eletricamente falando). Hoje em dia os estudos de eletromagnetismo justamente afirmam que o espectro não ionizante, luz visível em diante, até o final à direita do gráfico, com todas suas variáveis, pode também produzir alterações na matéria, não ionizantes, mas nas duas formas que discutimos logo acima: Alteração de temperatura e alteração de informação.
21. Design Interior e Mobílias devem ser construídos de acordo com padrões fisiológicos.
Aqui estamos tratando basicamente de ergonomia. Moveis adequados à nossa fisiologia. Claro que hoje em dia comprar móveis personalizados é bem caro, mas com o tempo, e com boa vontade este mercado tende a se expandir. Todos nós que vivemos o princípio da era da informática, já passamos ou temos alguém muito próximo que passou por problemas de LER (lesão por esforço repetitivo) algo tão grave que pode levar à invalidez. Na maioria das vezes a LER está relacionada a móveis não ergonômicos, forçando posições corporais que são danosas aos tendões e músculos. Também existe o componente humano, que ainda não aprendeu a se articular adequadamente nesta nova posição, a do homo sentadus, levamos milhões de anos para atingir o homo erectus, e depois o Homo sapiens, e agora em uma questão de 30 anos temos que nos adaptar muito rapidamente a esta nova orientação de vida e de percepção física e psicológica do mundo, num nível intermediário entre o quadrúpede e o bípede. Para isto o mobiliário também necessita se adaptar.
Uma cadeira não pode mais ser a mesma cadeira que simplesmente nos apoiava para comer e para ter encontros sociais. Ela agora é uma ferramenta de trabalho, e deve ser tratada como tal. Idem para demais mobiliários.
Porém ale’m disto aqui também se sta discutindo a questão das camas e seus matérias, que já comentamos acima, e dos colchões e seus materiais. De acordo com princípios anteriores os matérias que utilizamos em nossas casas deveriam se naturais, e com certeza, dormir sobre um monte de moas de metal não é nada natural, nem dormir sobre um monte de imãs. O natural é dormir sobre o capim, ou seja, sobre fibras naturais, como algodão, palha, feno, crina de cavalo. Estes materiais além de possuírem um nível biótico parecido com o nosso, possuem a capacidade de filtrar, seletivamente, as energias da terra que nos atravessam durante o sono deixando passar apenas aquelas que nos fazem bem.
22. Medidas, proporções e formas harmônicas, devem ser levadas em consideração.
Isto reforça o princípio anterior, mas leva a questão também para a edificação, e amplia o escopo da ergonomia não apenas para o ser humano, mas também para o planeta.
A natureza, ou a vida biológica, existe há pelo menos 4,5 milhões de anos neste planeta. Neste pequeno período de tempo a Terra teve como experimentar uma série de medias e proporções na natureza e hoje temos algumas que são amplamente utilizadas naturalmente justamente por terem dado certo, por funcionarem bem. Nossa inteligência deveria ser iluminada o suficiente para estudar, compreender e aplicar estas medidas, e não entrarmos em surtos egomaníacos de querermos criar formas novas e inusitadas, só porque ninguém fez antes. A cultura ocidental valoriza estes rompantes artísticos, mas o tempo de cada uma destas construções sem mostra que não foi uma escolha adequada.
Resumindo a questão: A forma determina a função. Não há como andar de carro de as rodas fossem quadradas, não há como colocar água e transportá-la num prato plano. Portanto não seria diferente com as edificações, suas formas também devem possuir harmonia e proporção adequadas para abrigar a vida.
Quais são estas proporções? Existem uma centena delas, mas normalmente a proporção pi, phi, raiz de 3, raiz de 2, raiz de 5 são as mais usadas pela natureza.
23. A produção, instalação e descarte dos materiais de construção não devem contribuir com o aumento de poluição ambiental e altos custos de energia.
Aqui entramos na visão global, saímos do foco da casa propriamente dita e entramos no que diz respeito à arquitetura bioecológica, arquitetura sustentável, etc. Portanto é necessário avaliar, para cada material utilizado o que é chamado de ciclo de vida: criação e produção, depois transporte e instalação, e por fim o chamado post mortem do material, quando aquela obra finalmente for demolida e aquele material descartado. Nesta análise soma-se os custos energéticos, o uso de matéria prima não renovável, o uso de materiais tóxicos para o meio ambiente, para os trabalhadores da manufatura, para os aplicadores, para os moradores, e finalmente no post mortem novamente para o meio ambiente.
Uma vez tudo isto analisado saberemos se o nosso material é impactante ou não. E poderemos optar por usá-lo ou não.
Muito trabalho? Melhor fazê-lo agora que não ter material para trabalhar depois, não acha? Vamos acabar com a preguiça, ou então mudar de profissão!
24. As atividades de construção não devem contribuir para a exploração de recursos raros e não renováveis.
Idem acima. E aqui novamente voltamos à questão principalmente dos acabamentos e do concreto armado, onde pedras e materiais raros e não renováveis são largamente aplicados. Uma coisa é os antigos gregos construírem seus palácios de mármore e granito. Era meia dúzia de coisas. Outra coisa é 6,5 Bilhões de seres humanos querendo fazer a sua suíte com mármore de carrara.
25. As atividades de construção não devem causar um aumento nos custos sociais e médicos.
Falar sobre os custos médicos é apenas fechar o assunto da salubridade da construção, além da responsabilidade que se tem com o indivíduo que irá residir ou trabalhar num dado edifício deve-se levar em conta o aumento do custo para o tratamento deste indivíduo e a responsabilidade do uso de verbas para estes tratamentos que poderiam ser utilizadas para pesquisa e tratamento de outras doença o não relacionadas com a edificação. Já os custos sociais, estão embutidos em todos os pormenores que um individuo adoentado causa a si mesmo, à sua família, e à sociedade que ele deixa de participar para poder se cuidar.